Thursday, February 21, 2008

A primeira viagem

Do aeroporto a hospedagem estudantil, no carro sujo de um indiano cinquentao, que falava sem parar, fervoroso a Virgem Maria, eu sabia pouco do que estava por conhecer. Mas a sensacao de inseguranca era soh com o transito em mao contraria - parecia que a qualquer momento iamos bater em alguem. O entusiasmo com o mundo novo em que estava chegando era imensamente maior. Qualquer medo ficou pequeno, tal qual as janelas do carro, diante do olhar curioso a desvendar Dublin - uma cidade com cerca de 1 milhao e 600 mil habitantes, capital da Irlanda, pais destino de todo o vento e chuva que vem para Europa.

As primeiras impressoes chamaram a muito a atencao. Os carros estacionados na contramao e na calcada, a predominancia das casas emendadas e praticamente iguais... O unico edificio do trajeto passa com um alerta do motorista: “nao cruze por aqui sozinha a noite, eh uma zona perigosa”. Eh… pensando bem, nem tudo eh tao diferente.
Depois de meia hora, deixei o carro e a tagarelice do indiano em frente a uma das tantas casas emendadas, estusiasmada pelo tudo novo em que acabara de chegar. E, aos poucos, eh deste mundo que falarei neste blog. Sem pretensao alguma e sem acentos e afins. Apenas com a intensao de contar algumas historias, sem circunflexos, agudos, crases, cedilhas, tils. O teclado ingles me limita.

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Passados quatro meses, ja sei que para se chegar em casa tranquilamente basta nao andar sozinha de madrugada e ignorar as provocacoes de jovens arruaceiros. Ouvi de muitos brasileiros - e concordo: o melhor de tudo aqui eh a seguranca com que se anda pelas ruas. Mesmo assim, claro que evitamos os tais predios. Em media de 5 andares, eles existem em varias partes de Dublin. Sao moradias providas pelo governo para irlandeses pobres, com um ressalva ao ultimo adjetivo. Pobre aqui eh quem ganha em media mil euros por mes. Nao passa fome, nao passa frio, tem otimos apartamentos onde morar. Segundo meu professor de ingles, esta eh a populacao de risco do pais. Dela, vem alta taxa de criminalidade. Os jovens, sempre usando roupas de moletom e tenis brancos, com o apelido pejorativo de nackers, fazem baderna pelas ruas e roubos em estabelecimentos comerciais (nada de assaltos a mao armada, nao chega a tanto. No geral, sao ladroes de prateleiras). Sao barrados por segurancas em shoppings e bares (sim, eles respeitam segurancas e policiais, que trabalham desarmados) e causam medo aos imigrantes. Ha muitas historias de agressoes a poloneses, indianos, brasileiros, chineses, etc (mas crimes graves sao raros). Observando os parenteses, portanto, ve-se que o perigo mora longe. Aqui, a seguranca do ir e vir eh sedutora.

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